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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Inicio de Brasília.



Projeto

Em 1957, o arquiteto Oscar Niemeyer, eleito por JK o responsável pelos projetos dos edifícios da cidade, abriu um edital para eleger o autor do plano urbanístico de Brasília. O arquiteto Lúcio Costa saiu vencedor e implantou conceitos modernistas na construção da cidade. Dessa forma, em seu chamado "Projeto Piloto", Costa privilegiou o automóvel como meio de transporte: foram eliminados os cruzamentos através de retornos em desnível. Outra característica foi organizar blocos de edifícios afastados construídos em pilotis sobre grandes áreas verdes, e a opção por superquadras nas áreas residenciais, com 250 metros de comprimento, por exemplo. O cuidado era separar o tráfego de veículos do trânsito de pedestres.

Com tanta modernidade, as ideias de Lúcio remetem a projetos e conceitos internacionais, como os do arquiteto francês Le Corbusier e do alemão Hilberseimer. A cidade foi projetada sob forte influência de ideais socialistas: as moradias pertencentes ao governo também seriam utilizadas e ou habitadas pelos funcionários públicos.

Em formato de avião, Lúcio Costa desenhou Brasília, partindo do traçado de dois eixos cruzando-se em ângulo reto como o sinal da cruz. Nas palavras do próprio: "nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz" Um destes eixos leva às áreas residenciais, e é levemente arqueado, o que caracteriza o formato de avião à cidade. O outro eixo, denominado Monumental, possui 16 km de extensão e abriga os prédios públicos e os palácios do Governo Federal, no lado leste. No centro, a extensão é sede da rodoviária e da torre de TV. Já no lado oeste, ficam os prédios do Governo do Distrito Federal.

Sendo assim, Brasília é constituída por: Asa Norte, Asa Sul, Setor Militar Urbano, Setor de Garagens Oficiais, Setor de Indústrias Gráficas, Área de Camping, Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios, Setor de Embaixadas Norte e Sul, Vila Planalto, Setor de Áreas Isoladas Norte – SAIN, e sedia os três poderes da República: Executivo, Legislativo, e Judiciário.

Similiaridade entre o projeto de construção e o mapa da cidade de Brasília:
(Clique nas imagens para ampliá-las.)

Brasília hoje:












Vitrine metálica: Brasília Palace Hotel

Predominantemente composto por estrutura metálica, o Brasília Palace Hotel é a única exemplificação do uso do aço nacional em Brasília. Segundo muitos especialistas, foi a partir daí que a aplicação do aço disseminou-se pelo resto do país, ainda inexperiente na estrutura. O Brasil possuía algumas obras em estrutura metálica em São Paulo e Minas Gerais, construídas cerca de dez anos antes de Brasília.

As obras do Palace começaram em setembro de 1957. Para a construção do edifício foram usadas 905 toneladas do aço de origem brasileira: fora produzido pela FEM, pertencente à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, atual capital do aço. O transporte era feito de trem até Anápolis (GO), e de lá seguia via caminhão pelas precárias estradas até Brasília.

Paulo Andrade, conta uma história curiosa, fruto justamente do difícil transporte de cargas para a região. "Um dia a obra parou porque faltavam peças, e a FEM foi avisada. Mas a fábrica dizia que tinha enviado as peças, porém, elas não haviam chegado. Alguma coisa tinha acontecido no caminho, e foi aí que descobriram: o caminhão que estava carregando as peças encalhou e caiu no barranco. A estrada era "tão boa" que ninguém percebeu".


Salão Athos do Brasília Palace Hotel
E então surge a pergunta: por que apenas o essa obra recebeu estruturas metálicas nacionais em sua construção? Por causa da urgência da obra, "Brasília estava começando e precisava de um abrigo, um hotel. A estrutura metálica vinha para atender a urgência da necessidade; não dava tempo para construir o concreto, nem aguardar as importações, como aconteceu com a estrutura dos Ministérios. Precisava abrigar os técnicos e toda aquela gente que ia trabalhar em Brasília", explica o engenheiro.

Fizeram parte da equipe de montagem do Brasília Palace Hotel cerca de 20 trabalhadores, todos funcionários da FEM. O prédio foi construído em cinco andares, incluindo um subterrâneo. A estrutura metálica foi montada em menos de quatro meses, e o diferencial é que elas eram rebitadas, e não parafusadas ou soldadas, como acontece atualmente.


Juscelino ouvindo a Copa de 1958 no Brasília Palace
O Brasília Palace Hotel foi o primeiro edifício da capital federal, inaugurado em 30 de junho de 1958, mesma data de inauguração do Palácio do Planalto e da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima. Como principal abrigo para as autoridades que passavam pelo canteiro de obras de Brasília, o Palace foi o quartel-general da capital em construção.

Em 5 de agosto de 1978 o prédio foi vítima de um incêndio, culminando no fechamento do hotel. Depois de quase 20 anos abandonado, o Brasília Palace Hotel foi reformado e restaurado sob a supervisão de Oscar Niemeyer, e hoje o estabelecimento opera normalmente, com 114 apartamentos distribuídos em três andares.

Brasília Capital do País...



Fruto do plano de metas "50 anos em 5", de Juscelino Kubitschek, Brasília foi projetada para ser a capital federal do país. Em 21 de abril de 2010, a cidade torna-se cinquentenária, abrigando não só os poderes federais brasileiros, mas também esplêndidas obras arquitetônicas.

Dentre as grandes construções da época do nascimento da capital, o Portal Metálica destaca o Brasília Palace Hotel - a única obra construída com ligas metálicas nacionais. Servindo de vitrine para o aço, o Palace é o primeiro hotel da cidade, construído para abrigar as autoridades e os ilustres profissionais que iniciavam a construção da capital federal.

Confira os detalhes do surgimento de Brasília, e o papel do aço como catalisador da construção da cidade.

Pisando no acelerador: a introdução do aço na construção

Com obras tanto em concreto armado como em estrutura metálica, o aço foi fundamental para que a construção da cidade ficasse pronta a tempo, em menos de um mandato presidencial. E apesar de sua fama concretista, Niemeyer se rendeu ao aço para o início da construção da capital justamente pelo fator tempo. "A construção de concreto não deixa de ser um artesanato, o qual você usa formas, você molda", comenta o engenheiro Paulo Andrade, que na época trabalhava na FEM (Fábrica de Estruturas Metálicas), a única fornecedora de estrutura aço brasileira que participou do início da construção de Brasília. Por ser um sistema de construção industrializada, as estruturas metálicas permitem maior rapidez com melhor distribuição dos períodos de tempo durante a obra.
A opção foi, então, construir a partir de estruturas metálicas, que depois seriam revestidas de concreto. Grande parte do aço utilizado nas obras vinha dos Estados Unidos, como o que foi utilizado nos ministérios e nos anexos do Congresso. Calcula-se que o total importado chegue a 15 mil toneladas do material. Para chegar a Brasília, tanto o aço quanto o cimento eram transportados por caminhões que enfrentavam estradas em estado absolutamente precário de conservação.

O grande obstáculo do uso de estruturas metálicas no Brasil, naqueles tempos, era a falta de mão de obra especializada. Logo, o manejo das construções com aço foi delegado a uma empresa americana, a Reymond Pill, estabelecida no Brasil como Construtora Planalto.

O aço combinado ao concreto permitiu a construção de grandes vãos com vigamento e pilares extremamente esbeltos. A combinação foi utilizada nos prédios do Ministério, mas o destaque do Portal Metálica vai para uma construção em específico: o Brasília Palace Hotel. Confira abaixo algumas imagens do final da década de 50, ocasião em que o hotel foi construído.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Brasília capital do futuro...




Nova capital levou desenvolvimento ao interior do país
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O Eixo monumental visto da Torre de TV de Brasília
Atualizado em 22/04/2010, às 16h11 A inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960, é considerada um marco na história brasileira, tão importante quanto a Independência (1822) ou a Proclamação da República (1889). A criação da capital promoveu o desenvolvimento do interior do país e concentrou o poder político longe dos principais centros urbanos.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Brasília foi erguida no meio do cerrado, em menos de quatro anos, a partir de uma concepção modernista de urbanismo e arquitetura. A cidade foi o ápice do projeto desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-1961), conhecido pelo lema "Cinquenta anos em cinco".

Mas a ideia da cidade é antiga. José Bonifácio, o Patriarca da Independência, foi o primeiro a sugerir o nome Brasília para a nova capital do país, em 1823. A primeira constituição republicana, de 1891, previa a mudança da capital do Rio de Janeiro para uma região no Planalto Central. Para isso, foi criada a Comissão Exploradora do Planalto Central (1892-1893), liderada pelo astrônomo belga Luiz Cruls - amigo do imperador d. Pedro 2º, então no exílio -, que explorou a região.

Anos depois, em 1954, o governo de Café Filho (1954-1955) nomeou a Comissão de Localização da Nova Capital Federal (1954), comandada pelo marechal José Pessoa, para dar continuidade aos trabalhos. O território que abrigaria a futura capital do país era conhecido como Quadrilátero Cruls, em homenagem a Luiz Cruls. Tinha dimensões de 160 por 90 quilômetros quadrados e situava-se a mil quilômetros de São Paulo e Rio de Janeiro.

A proposta do governo, com a transferência da capital para o cerrado goiano, era explorar as riquezas da região central do país.

Veja vídeo: Como surgiu o traçado da capital do país.

Polêmica
O Distrito Federal foi o primeiro passo no sentido de equilibrar as diferenças de um país dividido entre o litoral - populoso, urbanizado e industrializado - e o interior - despovoado, pobre e sem infraestrutura. Junto com a capital surgiram estradas como a Belém-Brasília, importante ligação com a região Norte do país.

Juscelino Kubitschek, o JK, foi alvo de muitas críticas na época, principalmente por parte de políticos do Rio de Janeiro, que temiam perder influência e poder com a transferência da capital, pois a cidade era capital federal desde a implantação da República, em 1889, e foi capital da colônia desde 1763.

Para JK, entretanto, a mudança era também estratégica. O ambiente político da segunda metade dos anos 50 era permeado pela tensão da Guerra Fria (1945-1989). De um lado, havia o receio de os militares darem um golpe - e, de outro, o de estourar uma revolução comunista como a ocorrida em Cuba, em 1959. No ano anterior à eleição de JK, Getúlio Vargas se suicidara no Palácio do Catete (sede do governo, no Rio de Janeiro).

JK esperava cumprir o mandato estando longe das agitações populares e do clima de instabilidade no Rio de Janeiro. O isolamento do poder em Brasília, para alguns especialistas, acabaria contribuindo para formar uma classe política que, distante da pressão popular, estaria mais sujeita à corrupção.

Juscelino defendia a proposta desde 1946, quando era deputado constituinte. E a cidade apareceu como meta de número 31 (a meta-síntese) no Plano de Metas de seu governo.

Foi no primeiro comício como candidato da coligação PSD-PTB, cinco dias após deixar o governo do Estado de Minas Gerais para concorrer à Presidência, que JK fez a promessa de construir Brasília. Era 4 de abril de 1955, no município de Jataí, sertão goiano. Após o discurso, um eleitor perguntou se o candidato mudaria a capital, conforme previsto na Constituição. JK respondeu: "Cumprirei na íntegra a Constituição. Durante o meu quinquênio, farei a mudança da sede do governo e construirei a nova capital".

Niemeyer
Juscelino Kubitschek foi eleito em 3 de outubro 1955, com 33,82% dos votos. Para cumprir a promessa de campanha, escolheu o arquiteto Oscar Niemeyer para projetar as principais edificações da cidade. Niemeyer já era conhecido internacionalmente, e alguns dos projetos arquitetônicos que fez para Brasília tornaram-se símbolos do país, como o Congresso, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada e a Catedral.

O segredo da arquitetura de Niemeyer é a sofisticação da obra aliada a um elemento intuitivo, que permite que ela seja apreciada por qualquer pessoa. São soluções criativas que parecem simples - como o desenho dos "pratos" invertidos do Congresso -, mas que são ricas de detalhes.

Para escolher o Projeto Piloto foi realizado um concurso entre 12 e 16 de março de 1957. Foram apresentados 26 projetos. O júri escolheu a planta cujo formato parecia o de um avião, do urbanista e arquiteto Lucio Costa.

Com o projeto em mãos, foi criada uma empresa, a Novacap, e empregado um contingente de 60 mil trabalhadores para a construção. Os operários, a maioria formada por nordestinos, acabaram se fixando na cidade. Eles trabalhavam dia e noite para erguer, no nada, a capital futurista num prazo recorde de 43 meses.

Cofres públicos
Não se sabe exatamente quanto foi gasto na construção de Brasília. A maior parte das verbas não foi contabilizada em registros bancários ou comprovantes fiscais. O governo também não fez, à época, uma estimativa oficial.

O ex-ministro da Fazenda de Café Filho, Eugênio Gudin, adversário político de JK, estimou os custos em US$ 1,5 bilhão. Em valores atualizados, o orçamento seria de US$ 83 bilhões, seis vezes mais do que o previsto para as Olimpíadas do Rio, a serem realizadas em 2016. Para captar recursos, o governo emitiu mais dinheiro e foram feitos empréstimos no exterior. Isso deixou uma conta salgada para o país, na forma de inflação alta e dívida externa.

A despeito disso, Brasília progrediu. A cidade tinha 140 mil habitantes em 1960 e em 2010 são estimados 2,6 milhões de brasilienses vivendo na capital. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu, em média, 4,8% entre 1961 e 2000, o Distrito Federal teve aumento de 57,8% no mesmo período.

A combinação de empregos públicos e altos salários faz de Brasília a cidade com o maior PIB per capita do país, R$ 40.696, quase três vezes maior que a média nacional - e superior a São Paulo (R$ 22.667) e Rio de Janeiro (R$ 19.245), de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Juscelino conseguiu cumprir o mandato, mas os presidentes que o sucederam - Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964) - não tiveram a mesma sorte. Em 1964, um golpe militar mergulhou o país numa ditadura que duraria mais de vinte anos.

Eleito senador pelo Estado de Goiás, em 1962, JK teve os direitos políticos cassados dois anos depois. Morreu em 1976, num acidente de carro na via Dutra. Deixou como legado uma utopia modernista concretizada no meio do sertão. Brasília ainda seria palco do fim da ditadura militar (1985), do impeachment de Collor (1992), da eleição de um operário (Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003) para a presidência da República e de muitos escândalos de corrupção.
Nova capital levou desenvolvimento ao interior do país
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O Eixo monumental visto da Torre de TV de Brasília
Atualizado em 22/04/2010, às 16h11 A inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960, é considerada um marco na história brasileira, tão importante quanto a Independência (1822) ou a Proclamação da República (1889). A criação da capital promoveu o desenvolvimento do interior do país e concentrou o poder político longe dos principais centros urbanos.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Brasília foi erguida no meio do cerrado, em menos de quatro anos, a partir de uma concepção modernista de urbanismo e arquitetura. A cidade foi o ápice do projeto desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-1961), conhecido pelo lema "Cinquenta anos em cinco".

Mas a ideia da cidade é antiga. José Bonifácio, o Patriarca da Independência, foi o primeiro a sugerir o nome Brasília para a nova capital do país, em 1823. A primeira constituição republicana, de 1891, previa a mudança da capital do Rio de Janeiro para uma região no Planalto Central. Para isso, foi criada a Comissão Exploradora do Planalto Central (1892-1893), liderada pelo astrônomo belga Luiz Cruls - amigo do imperador d. Pedro 2º, então no exílio -, que explorou a região.

Anos depois, em 1954, o governo de Café Filho (1954-1955) nomeou a Comissão de Localização da Nova Capital Federal (1954), comandada pelo marechal José Pessoa, para dar continuidade aos trabalhos. O território que abrigaria a futura capital do país era conhecido como Quadrilátero Cruls, em homenagem a Luiz Cruls. Tinha dimensões de 160 por 90 quilômetros quadrados e situava-se a mil quilômetros de São Paulo e Rio de Janeiro.

A proposta do governo, com a transferência da capital para o cerrado goiano, era explorar as riquezas da região central do país.

Veja vídeo: Como surgiu o traçado da capital do país.

Polêmica
O Distrito Federal foi o primeiro passo no sentido de equilibrar as diferenças de um país dividido entre o litoral - populoso, urbanizado e industrializado - e o interior - despovoado, pobre e sem infraestrutura. Junto com a capital surgiram estradas como a Belém-Brasília, importante ligação com a região Norte do país.

Juscelino Kubitschek, o JK, foi alvo de muitas críticas na época, principalmente por parte de políticos do Rio de Janeiro, que temiam perder influência e poder com a transferência da capital, pois a cidade era capital federal desde a implantação da República, em 1889, e foi capital da colônia desde 1763.

Para JK, entretanto, a mudança era também estratégica. O ambiente político da segunda metade dos anos 50 era permeado pela tensão da Guerra Fria (1945-1989). De um lado, havia o receio de os militares darem um golpe - e, de outro, o de estourar uma revolução comunista como a ocorrida em Cuba, em 1959. No ano anterior à eleição de JK, Getúlio Vargas se suicidara no Palácio do Catete (sede do governo, no Rio de Janeiro).

JK esperava cumprir o mandato estando longe das agitações populares e do clima de instabilidade no Rio de Janeiro. O isolamento do poder em Brasília, para alguns especialistas, acabaria contribuindo para formar uma classe política que, distante da pressão popular, estaria mais sujeita à corrupção.

Juscelino defendia a proposta desde 1946, quando era deputado constituinte. E a cidade apareceu como meta de número 31 (a meta-síntese) no Plano de Metas de seu governo.

Foi no primeiro comício como candidato da coligação PSD-PTB, cinco dias após deixar o governo do Estado de Minas Gerais para concorrer à Presidência, que JK fez a promessa de construir Brasília. Era 4 de abril de 1955, no município de Jataí, sertão goiano. Após o discurso, um eleitor perguntou se o candidato mudaria a capital, conforme previsto na Constituição. JK respondeu: "Cumprirei na íntegra a Constituição. Durante o meu quinquênio, farei a mudança da sede do governo e construirei a nova capital".

Niemeyer
Juscelino Kubitschek foi eleito em 3 de outubro 1955, com 33,82% dos votos. Para cumprir a promessa de campanha, escolheu o arquiteto Oscar Niemeyer para projetar as principais edificações da cidade. Niemeyer já era conhecido internacionalmente, e alguns dos projetos arquitetônicos que fez para Brasília tornaram-se símbolos do país, como o Congresso, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada e a Catedral.

O segredo da arquitetura de Niemeyer é a sofisticação da obra aliada a um elemento intuitivo, que permite que ela seja apreciada por qualquer pessoa. São soluções criativas que parecem simples - como o desenho dos "pratos" invertidos do Congresso -, mas que são ricas de detalhes.

Para escolher o Projeto Piloto foi realizado um concurso entre 12 e 16 de março de 1957. Foram apresentados 26 projetos. O júri escolheu a planta cujo formato parecia o de um avião, do urbanista e arquiteto Lucio Costa.

Com o projeto em mãos, foi criada uma empresa, a Novacap, e empregado um contingente de 60 mil trabalhadores para a construção. Os operários, a maioria formada por nordestinos, acabaram se fixando na cidade. Eles trabalhavam dia e noite para erguer, no nada, a capital futurista num prazo recorde de 43 meses.

Cofres públicos
Não se sabe exatamente quanto foi gasto na construção de Brasília. A maior parte das verbas não foi contabilizada em registros bancários ou comprovantes fiscais. O governo também não fez, à época, uma estimativa oficial.

O ex-ministro da Fazenda de Café Filho, Eugênio Gudin, adversário político de JK, estimou os custos em US$ 1,5 bilhão. Em valores atualizados, o orçamento seria de US$ 83 bilhões, seis vezes mais do que o previsto para as Olimpíadas do Rio, a serem realizadas em 2016. Para captar recursos, o governo emitiu mais dinheiro e foram feitos empréstimos no exterior. Isso deixou uma conta salgada para o país, na forma de inflação alta e dívida externa.

A despeito disso, Brasília progrediu. A cidade tinha 140 mil habitantes em 1960 e em 2010 são estimados 2,6 milhões de brasilienses vivendo na capital. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu, em média, 4,8% entre 1961 e 2000, o Distrito Federal teve aumento de 57,8% no mesmo período.

A combinação de empregos públicos e altos salários faz de Brasília a cidade com o maior PIB per capita do país, R$ 40.696, quase três vezes maior que a média nacional - e superior a São Paulo (R$ 22.667) e Rio de Janeiro (R$ 19.245), de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Juscelino conseguiu cumprir o mandato, mas os presidentes que o sucederam - Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964) - não tiveram a mesma sorte. Em 1964, um golpe militar mergulhou o país numa ditadura que duraria mais de vinte anos.

Eleito senador pelo Estado de Goiás, em 1962, JK teve os direitos políticos cassados dois anos depois. Morreu em 1976, num acidente de carro na via Dutra. Deixou como legado uma utopia modernista concretizada no meio do sertão. Brasília ainda seria palco do fim da ditadura militar (1985), do impeachment de Collor (1992), da eleição de um operário (Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003) para a presidência da República e de muitos escândalos de corrupção.